Compras no Exterior. O Que Vale a Pena Trazer?

Muitos viajantes já saem do Brasil com a ideia clara de aproveitar para fazer compras no exterior.

Muitos querem saber onde estão os outlets mais baratos, as promoções.

O dólar caiu, o dólar subiu, será que iPhone X vale a pena? E quanto custa o último Macbook?

A lista de encomendas é longa: eletrônicos, cosméticos, acessórios de marca. O brasileiro médio é doido por compras e se orgulha disso.

Sem querer entrar no âmbito da discussão de como cada um deve gastar seu dinheiro, a relação entre as aquisições outre-mer e as viagens datam desde que o mundo é mundo.

Em 130 A.C., os chineses já exportavam seda e algumas monarcas de estados vizinhos já se valiam do status desse produto como meio de se destacar da plebe.

Mas será que esse seria o objetivo principal das viagens? Adquirir produtos raros, diferenciados?

compras no exterior

Compras no exterior: uma necessidade?

Valorizar e exibir produtos importados é um hábito de status e também de prazer.

Que atire a primeira pedra quem nunca caiu em tentação. Fazer compras no exterior não é crime, afinal!

Mas deixemos que as pessoas usufruam desses momentos de satisfação em paz e passemos à discussão que proponho nesse texto.

Para que servem as viagens?

Parece óbvio e até mesmo redundante escrever que as viagens deveriam servir para abrir a mente para outras culturas e idéias. 

Religiões espalharam-se pelo mundo como fruto de viagens. Povos que não sabiam como fabricar vinho ou papel copiaram os vizinhos e novas tecnologias, políticas e hábitos foram incorporados.

Viajando e vivenciando outras culturas, observamos leis interessantes, sociedades organizadas de maneiras diversas e diferenças gritantes no inconsciente coletivo ou na maneira de pensar de toda uma nação.

Recentemente, como boa parte dos brasileiros, acabei me chocando com diferenças de ideologia relativas às eleições presidenciais no Brasil.

Após ter morado em quatro países e vivido no exterior por 15 anos, me surpreendi no meio de acalorados debates com compatriotas, defendendo posições que para mim pareciam estranhas, quase alienígenas. Foi muito bizarro.

Percebi, então que algumas ideias mudaram definitivamente minha vida e acabaram por se tornar parte intrínseca de quem sou hoje.

Decidi que, ao invés de escrever um post fútil sobre compras no exterior e presentes de Natal, eu poderia tentar escrever algo que fosse mais útil.

Compras na Rodeo Drive em Los Angeles. Uma necessidade brasileira?

Compras na Rodeo Drive em Los Angeles. Uma necessidade brasileira?

Pensando nisso, resolvi contactar colegas viajantes (e blogueiros de viagens) a responder a pergunta que não quer se calar:

Quais IDEIAS realmente valeriam a pena ser importadas, discutidas e compartilhadas com amigos e vizinhos na volta pra casa, ao invés daquela lista interminável de lembrancinhas? Ou melhor:

O Que Você Compraria No Exterior, Para o Brasil ?

Leia abaixo as contribuições dos nossos queridos colaboradores:

Baby Box - Finlândia

Não por acaso, a Finlândia é considerada um dos melhores países do mundo para ser mãe.

E um dos itens mais “famosos” dentre os muitos benefícios para as famílias é a chamada baby box, uma espécie de enxoval que as famílias ganham quando vão ter filhos - biológicos ou não.

A própria caixa pode ser usada como berço (com o colchãozinho incluído) e itens de enxoval como roupas, roupas de cama, itens de higiene, um livro e um brinquedo, além de coisas voltadas pra os pais, como camisinhas, creme para os mamilos e absorventes.

Quem não quiser receber o pacote pode optar por uma ajuda de 170 Euros.

Outro destaque é a licença maternidade, em que a mãe pode deixar o emprego e ser remunerada pelo governo durante 105 dias úteis (cerca de quatro meses).

A licença paternidade também é encorajada e remunerada pelo estado, durando até 54 dias úteis.

E tem também a “licença parental”, que começa depois que a licença maternidade termina, pode ser usada tanto pelo pai quanto pela mãe e dura 158 dias úteis.

O valor do pagamento é calculado com base na renda declarada pelos pais no imposto de renda.

Por ser oferecido pelo governo, o benefício está disponível não só para quem tem carteira assinada, mas para qualquer cidadão.

Finlândia. Foto: Luísa Ferreira

Finlândia. Foto: Luísa Ferreira

Luísa Ferreira é autora do blog Janelas Abertas e passou um mês em Helsinque, por meio de um programa do Ministério das Relações Exteriores da Finlândia para jornalistas estrangeiros.

Consciência Histórica - Alemanha

A minha amiga alemã me ensinou algo que muitos anos e muitas viagens depois eu pude comprovar ao vivo: os alemães não esquecem nem das partes mais sombrias de sua história.

Em uma conversa de adolescentes sobre a Segunda Guerra Mundial, essa nova amiga chorava sentindo-se culpada pelas mortes, porque seus avós e conterrâneos deixaram-se levar pelas loucuras do Hitler e nada fizeram.

Mas obviamente que ela não tem culpa nenhuma, já que nasceu décadas depois.

Andando pelas ruas de várias cidades alemãs, mas principalmente em Berlim, literalmente tropeçamos em “pedrinhas” que nos recordam das pessoas enviadas para campos de concentração.

De repente, uma igreja deixada propositalmente em ruínas depois de ser bombardeada, dezenas de museus e memoriais, lembrando todos os horrores ali passados, do Holocausto ao muro que dividiu a cidade (e também o país e o mundo).

Tudo isso faz parte do dia-a-dia do cidadão Berlinense e é impossível esquecer o que aconteceu.

Talvez se aqui no Brasil nós também fossemos assim, não teríamos perdido o Museu Nacional para o fogo… 😔

Berlim. Foto: Fernanda Scafi

Berlim. Foto: Fernanda Scafi

Fernanda Scafi é autora do blog Tá indo pra Onde, e passou um período vivendo na Alemanha.

Respeito à coletividade - Japão

Uma viagem ao Japão para um brasileiro é quase como ir para outro planeta. Fisionomia, língua, comida e hábitos completamente diferentes. Um verdadeiro choque cultural.

Várias coisas chamaram a minha atenção por lá, porém o respeito ao próximo e o senso de coletividade me marcaram profundamente.

Pequenas atitudes como andar ordenadamente dentro da estação de trem abarrotada (e ninguém sequer se esbarrando) ou obrigatoriamente deixar o celular no silencioso e não usá-lo dentro do metrô, demonstram um profundo respeito social.

Os exemplos são tantos... Lembram das imagens que viralizaram dos japoneses recolhendo o lixo nos estádios na Copa do Mundo?

Esse é o espírito coletivo japonês!

Lembrar desses pequenos gestos e dos momentos que vivi por lá me emocionam.

Sem dúvidas esses conceitos poderiam ser transplantados para o Brasil, onde o individualismo e a intolerância estão muito fortes.

Pensar coletivamente e não nos próprios interesses e opiniões traria efeitos positivos para termos uma sociedade mais pacífica e igualitária.

Japão. Foto: Luciana Freitas

Japão. Foto: Luciana Freitas

Luciana Freitas escreve no blog Let’s Fly Away.

Proteção ambiental - Butão

Muitos poucos países no mundo têm leis ambientais fazendo parte da constituição do país.

Um exemplo de país que além de ter leis ambientais implantadas na Constituição, ainda tem excelentes resultados, é o Butão.

Esse pequeno Reino, encravado  dois gigantes, a China e a Índia, tem como lei que o país deve ter no mínimo 60% do país coberto em floresta nativa.

Isso faz do Butão um dos únicos países do mundo com déficit de emissão de carbono. Hoje, 30% do território do Reino são áreas de proteção permanente.

Foto: Wagner Nogueira Neto

Foto: Wagner Nogueira Neto

Para conseguir manter a lei constitucional mencionada, o país cobra uma taxa diária de US$65 por dia, de todos os visitantes no país (exceto da Índia, Bangladesh e Maldivas).

Essa taxa está inclusa nos US$250 diários cobrados para ser turista na Terra do Dragão.

A taxa de US$65 é destinada à conservação do meio ambiente, reflorestamento e educação.

Atualmente, o país é coberto por 69% de floresta e tem mais espécies de pássaros que o EUA e o Canadá juntos.

Além disso, tem um ecossistema muito bem preservado com muitas espécies ameaçadas de extinção sendo muito fáceis de serem observadas.

Foto: Wagner Nogueira Neto

Foto: Wagner Nogueira Neto

Os blogueiros Wagner e Liany do Mochilão a Dois desfrutam hoje do privilégio de morar nesse lindo país, o Butão!

Leis trabalhistas - França

Uma coisa que achava demais na França quando morava lá eram os tipos de contrato de trabalho que o país oferecia e como isso afetava a vida dos empregados. 

O CDD e CDI são respectivamente um contrato de tempo determinado e contrato de tempo indeterminado.

Ambos são muito normais nos escritórios e embora ter um contrato de trabalho por tempo indeterminado pareça ser mais vantajoso, o CDD te dá mais oportunidade de planejar vários aspectos da sua vida como alguma grande viagem ou se você simplesmente não quiser mais trabalhar na empresa, não é necessário pedir demissão. Para a empresa é mais vantajoso e para o empregado também!

No fim de cada CDD você tem direito a receber o prime de precarité, um montante em dinheiro equivalente a 10% do seu salário x a quantidade de meses que você trabalhou. 

O empregado não sai desamparado após o fim de contrato.

Outra coisa muito legal de trabalhar na França é como eles administram as folgas... lá a cada 1 mês trabalhado o empregador tem direito a 2,5 dias de folga, e o empregado não precisa necessariamente tirar 30 dias de férias. 

Pode tirar 2 dias no primeiro mês, mais 2 no segundo... ou se quiser juntar esses 4 dias pra viajar num feriadão, está ok.

Isso possibilita uma flexibilidade muito maior de ter várias férias durante o ano trabalhado, e quem manda nas suas férias é você 😉

Paris. Foto: Rebecca Cirino

Paris. Foto: Rebecca Cirino

Rebecca Cirino é travel blogger e atualmente escreve no VamoComigo.

Política social - Irlanda

As políticas públicas para a população que é moradora de rua na Irlanda e a maneira como o restante da população encara isso, foi um dos grandes aprendizados que levo comigo da época do meu intercâmbio em Dublin.

Saber que um cidadão não culpabiliza o outro por estar em situação vulnerável, colocando este ainda mais à margem da sociedade, é algo que pude ver com certa frequência nas ruas de Dublin. 

Além do auxílio do governo com grana, moradia e escolas, muito maior e mais abrangente do que o nosso Bolsa Família (que tanta gente critica), existem diversos programas sociais e ONG’s que lutam pelos direitos destas pessoas à moradia digna.

O povo irlandês, no geral, volta seus esforços para políticas de diminuição da desigualdade social, permitindo que não só a população que está em risco saia desta situação, mas que eles tenham as mesmas chances de sucesso do que o restante da população.

Irlanda. Foto: Vanessa Kern

Irlanda. Foto: Vanessa Kern

Vanessa Kern é travel blogger no SAVE pelo Mundo.

E você? tem alguma idéia do que seria legal importar para o Brasil? Deixe sua opinião nos comentários!

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