O Que Fazer Em Bagan

Bagan, Myanmar. Foto: Patti Neves

Bagan, Myanmar. Foto: Patti Neves

A antiga Birmânia permaneceu isolada do mundo por 50 anos, tempo em que uma junta militar governou o país, de 1962 até 2011.

Em 2012, um ano após a abertura ao turismo, 357.159 estrangeiros entraram no Myanmar. 

Em 2015, o número já havia saltado para 4.501.020 visitantes anuais! 

Então, se você ainda não foi, comece já a arrumar sua malinha.

Ainda não sabe o que fazer em Bagan..?

A cidade abriga a maior concentração de pagodes, templos budistas e stupas do mundo. E boa parte dessas construções datam dos séculos XI e XII.  

Monge contempla Bagan, Myanmar. Foto: Patti Neves

Monge contempla Bagan, Myanmar. Foto: Patti Neves

Quantos dias ficar em Bagan?

Resposta simples:

No mínimo 3 dias.

Com esse tempo você poderá visitar o sítio arqueológico por dois dias seguidos e ainda rumar para o Monte Popa no dia restante!

Aliás, as sugestões de alojamento em Bagan estão no final desse post, incluíndo o hotel onde ficamos.

Pya-Tha-Da-Paya temple, Bagan. Foto: Patti Neves

Pya-Tha-Da-Paya temple, Bagan. Foto: Patti Neves

O que fazer em Bagan

1. Visitar os templos 

Durante o reinado de Anawrahta (o rei unificador da Birmânia), o budismo se tornou a religião do Estado e Bagan se transformou em um enorme centro de estudos, atraindo monges oriundos dos reinos tailandeses e khmer (Camboja).

Naquela época, estudantes de países tão longínquos como Índia e  Sri Lanka vinham estudar o budismo em Bagan, que contava com mais de 10.000 templos. 

Ao longo dos séculos, após sucessivos terremotos e invasões mongóis, o número de templos foi progressivamente diminuindo.

Hoje restam mais de dois mil templos que podem ser visitados , mas com certeza você deverá dar prioridade aos mais importantes.

Leia: melhores Templos de Bagan

Bagan, Myanmar. Foto: Patti Neves

Bagan, Myanmar. Foto: Patti Neves

2. fazer um passeio de E-bike (ou de carroça )

Existe um pouco de controvérsia sobre a maneira mais romântica, ideal ou politicamente correta de se locomover pelo sítio arqueológico de Bagan. 

Segundo o jornal Myanmar Times, a única maneira honrada de viajar no ambiente old-school seria percorrer os templos de carroça ou bicicleta, pois as modernas E-bikes seriam "contra o espírito de Bagan" e estariam arruinando o sítio arqueológico. 

Além do mais, as famílias dos carroceiros sempre dependeram do negócio da família, em um tradição que remonta há muito tempo antes da chegada do turismo no país. 

Apesar disso, a E-bike vem ganhando muito espaço entre os visitantes, enquanto que os carroceiros estão à ver navios. Para quem não sabe (eu também não sabia), a E-bike é uma pequena scooter elétrica, que lembra as mobiletes dos anos 90, com vantagem de ser bem mais silenciosa.

Você pode alugar uma bicicleta elétrica em praticamente qualquer lugar. O preço flutua entre 6000 - 8000 kyat (US$ 4 - 6 /dia).

Templos sem nome em Bagan. Foto: Patti Neves

Templos sem nome em Bagan. Foto: Patti Neves

Nós testamos os dois (carroça e e-bikes). Sem dúvida o tempo necessário para percorrer o sítio é bem mais longo com a carroça, o que resulta em extrema desvantagem para quem visita.

Existe também o argumento de que "os animais não precisam pagar a conta do turismo" e eu concordo com isso também. É um difícil dilema moral. 😔

Em todo caso, se alguém quiser experimentar a carroça, é só dar uma ligada para o Bo Bo, Horse Cart n º 200, ou o Ko San, Cart n º 45, nos telefones 09-402658563 e 09-402532985.

Eles virão te buscar no seu hotel e você será literalmente transportado ao passado.

Bagan, Myanmar. Foto: Patti Neves

Bagan, Myanmar. Foto: Patti Neves

3. Assistir ao nascer / pôr do sol

A atividade número 1 de Bagan desde a sua abertura, a escalada ao topo dos templos para admirar o sol, parece estar com os dias contatos. 

Quando fomos à Bagan em Abril de 2016, ainda era possível (e legal) subir na maioria dos templos. 

Logo depois, teve o grande terremoto de Agosto, e em seguida, a interferência da UNESCO. Para piorar as coisas, no ano passado, uma turista chegou a despencar de um templo reinforçando a polêmica sobre a prática. 

Em Março de 2018, o Myanmar Times confirmou a proibição oficial de escalar os templos. 

Apesar disso o governo está estudando petições que defendem cobrar entrada para limitar o número de visitas.

Atualmente a maioria dos templos possui uma cerca impedindo acesso às escadas, mas tudo poderá mudar em pouco tempo.

Seis da manhã em Bagan, e o último balão da temporada. Foto: Patti Neves

Seis da manhã em Bagan, e o último balão da temporada. Foto: Patti Neves

4. Vistar uma manufatura de laca

As origens da arte no Myanmar remontam à Bagan dos séculos XII e XIII, e os primeiros artefatos foram descobertos no pagode Mingalazedi.

A matéria-prima usada como base para tigelas, pratos, vasos e caixas é o bambu, que é cortado, amolecido e finalmente trabalhado para dar a forma ao objeto desejado.

Em alguns casos a crina de cavalo também é usada para moldar a base. 

Em seguida, o molde é coberto com a resina preta de uma árvore chamada Thit-si. O processo de extração da resina é similar ao do latéx.

Confesso que eu não tinha interesse nenhum nisso até passar por uma das lojinhas-oficinas e me apaixonar perdidamente pelos objetos.

Ok, pode ser uma atividade "touristy" e meio tiazona, mas eu aconselho demais! 

Alguns endereços: MBoutik,  Jasmine Family Lacquerware WorkshopNyaung U Market e Golden Cuckoo Lacquerware.

5. Voar de balão

Confesso que NÃO fizemos por dois motivos básicos:

Número 1: visitamos Bagan no verão, ou seja, fora da temporada.  Para dizer a verdade, só vimos um balão no céu assim que chegamos na cidade, as 6 da manhã. 

Número 2: não me preocupei muito de ir pra Bagan na estação "certa" pois eu havia voltado a pouco tempo de um vôo na Capadócia (Turquia).

Se você decidir ir, o que aconselho bastante para alguém que nunca voou, prepare o bolso, pois em Bagan o passeio sai por cerca de 350 US$. 

Dica: Existem três empresas na área. Você pode comprar seus bilhetes online nos links abaixo com antecedência!

A maioria deles decola ao amanhecer, devido aos ventos fracos, à temperatura baixa e a luz propícia. Poucos decolam à tarde.

A temporada de vôos começa no dia 1 de outubro e vai até 31 de março.  

Balonismo em Bagan, Myanmar. Foto: Pixabay

Balonismo em Bagan, Myanmar. Foto: Pixabay

6. Experimentar a culinária local

Quando eu morava em Montreal (Canadá), vivia almoçando em um restaurante Birmanês que existia na avenida Mont Royal.

Nessa época eu achava que o curry Birmanês era uma das poucas opções viáveis de comida no local. Que ignorância!

Hoje, morando em Singapura (quase uma especialista do curry hahaha) eu percebi que a opção de pratos no Myanmar é bem mais vasta do que eu suspeitava, e apesar do país ter influência Indiana na cozinha, eles não vivem somente de naans e pratas.

Estou colocando aqui algumas ótimas opções de pratos típicos birmâneses para experimentar na área, e também alguns restaurantes.

Especialidades: Burmese paratha, Shan Tohu Noodle (Tohu Nway), Myae Oh Myee Shae (Claypot Noodle) and Kyay-Oh (Noodle Dish) entre outros.

Para saber mais detalhes sobre os clássicos do país, visite o blog gastronômico Seth Lui.

Restaurantes:  

Rebanho em bagan, Myanmar. Foto: Patti Neves

Rebanho em bagan, Myanmar. Foto: Patti Neves

7.  Mascar betel nuts (quids)

Assim como muita gente não deixa de experimentar folhas de coca na América do Sul, ou uma boa erva em Amsterdam, será que você deveria experimentar o betel no Myanmar?

A mistura de noz de areca e folha de betel é uma tradição que remonta pelo menos 4.000 anos na Ásia, e se você prestar atenção, verá o hábito bem arraigado no Myanmar. 

É símbolo do casamento no Vietnã (e tradicionalmente usada pelas famílias dos noivos) e são também oferecidas como forma de hospitalidade na Malásia.

Mascar o "betel quid" é uma atividade cultural importante e popular também no Butão, Bangladesh, Paquistão, Maldivas, Índia, Nepal, Filipinas, Palau, Camboja, Taiwan, Sri Lanka, China, Laos, Yap, Guam, Papua Nova Guiné, Tailândia, Ilhas Salomão, Vanuatu e Indonésia.

Se você já viajou bastante por esses lados, com certeza já notou alguns locais com a boca vermelha e dentes esquisitos (ou mesmo calçadas completamente tingidas de vermelho por causa das cuspidas).

Voilà, agora você já sabe do que se trata!

Betel quid, pronto pra ser enrolado. Foto: Patti Neves

Betel quid, pronto pra ser enrolado. Foto: Patti Neves

Os princípios ativos do betel são a arecaína e a arecolina (alcalóides como a nicotina), e tem propriedades intoxicantes e inibidoras de apetite. Dizem que uma só noz equivale à 6 xícaras de café.

Além do efeito estimulante, a noz pode causar ligeira sensação de euforia. O uso medicinal é também descrito em alguns países (redução das cáries e de lombrigas)!

Apesar disso, mascar regularmente a noz pode acabar com os dentes. O betel em contato com a saliva produz um líquido vermelho e escuro, que a longo prazo prejudica a saúde bucal. O uso regular pode até causar câncer.

Nós experimentamos a brincadeira em Bagan, e além do buzz semelhante ao de fumar um cigarro (aquela tonturinha básica), o efeito não foi nada do que esperávamos.

Ou seja, não dá pra mascar um desses e virar a noite na balada ha ha...

Além disso, o betel nut é bem amargo e pode causar dor de estômago.

Deve ser por isso que tira a fome! 😅

Templos em Bagan, Myanmar. Foto: Patti Neves

Templos em Bagan, Myanmar. Foto: Patti Neves

8. Visitar o Monte Popa

O Monte Popa é um plug vulcânico localizado à cerca de 50 km sudeste de Bagan.

É também chamado de Taung Kalat (a colina pedestal) e se eleva à 657 metros do nível do mar.

Como se fosse uma cereja no topo de um bolo, o majestoso mosteiro budista enfeita a colina. Do alto, dá pra ter uma vista panôramica de toda a região.

Nós estivemos por lá e contamos tudo em um outro post.

Para saber como chegar ao monte Popa,  se vale a pena ir, ou mesmo como se preparar, não deixe de ler o artigo abaixo.

Leia: Tudo sobre o Monte Popa

Monte popa, Myanmar. Foto: TourHQ

Monte popa, Myanmar. Foto: TourHQ

Onde Ficar em Bagan

O melhor lugar para se hospedar com certeza é a Old Bagan, que não por acaso é também o lugar mais caro. 

Com a afluência absurda de turistas nos últimos tempos, novos hostels em New Bagan e Nyang-U estão aparecendo, e apesar deles parecerem fora de mão, isso não é nada que uma boa E-bike não resolva.

Nós preferimos ficar no Bagan Thande Hotel, em Old Bagan, uma escolha central, de nível intermediário.

Os quartos eram bem confortáveis, a piscina decente e o café da manhã muito bom. O Bagan Thande uma ótima relação custo-beneficio já que fica na melhor área da cidade mas você não precisa vender um rim para pagar. A diária começa à partir de 80 US$.

Outros hotéis recomendados:

Backpacker:  De 15 - 40 US$

Midrange:  De 40 - 100 US$

Splurge:  à partir de 100 US$

Segurança para mulheres:

Nota dez! O povo do Myanmar é muito respeitoso, e na cultura Budista certas liberdades individuais são respeitadas (bem parecido com a Tailândia). Apesar de ter viajado acompanhada dessa vez, fiz inúmeras viagens sozinha pelo Sudeste Asiático, e  voltaria para lá sozinha sem problema nenhum.

Apesar disso, existem conflitos ocorrendo na região Norte, que deve ser evitada. Para um relatório completo sobre o Myanmar, consulte Foreign Travel Advice - Burma website from Gov.UK.

Se você está indo pela primeira vez ao Myanmar (ou está indo só) e gostaria de encontrar outros viajantes na área, junte-se ao nosso grupo Facebook Viajantes no Sudeste Asiático.

Eu mesma administro o grupo que conta com vários moradores da região além de nômades digitais e mochileiros de passagem.

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