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Museu de Civilizações Asiáticas de Singapura

Museu das Civilizações Asiáticas de Singapura.

O Museu de Civilizações Asiáticas de Singapura (Asian Civilisations Museum, ou ACM) possui uma impressionante coleção destacando as raízes multiculturais da cidade-estado.

Os principais grupos étnicos de Singapura incluem migrantes da China, Índia, Península Malaia e Oriente Médio.

Diversas galerias exibem artefatos de cada um dos principais grupos étnicos, incluindo deuses Hindus, Budas de diversas origens, cerâmicas e têxteis da China e Oriente Médio, além de inúmeras obras de arte do Sudeste Asiático.

Visitas Guiadas Oficiais

Como residente de Singapura, vivendo há 4 anos na cidade, tive o prazer de me tornar docente do Asian Civilisations Museum (ACM).

Oficialmente conduzo um tour por mês, em inglês (adultos) e outro para estudantes (crianças ou adolescentes) apresentando as obras de pelo menos 3 das galerias.

No site oficial do ACM você encontrará todos os horários das visitas guiadas oficiais do museu.

Neste post você vai descobrir alguns dos meus artefatos preferidos. E de presente, você ganha uma visita guiada exclusiva em português!

Veja também aspectos práticos: guia de galerias, horários e restaurantes.

O fabuloso Empress, localizado no museu. Foto: ACM

Museu de Civilizações Asiáticas em Singapura

Antes de ser tornar um museu, o edifício era chamado de “Empress Place” ou em tradução literal, o sítio da imperatriz, em homenagem à rainha Vitória da Inglaterra. Foi construído por Indianos condenados durante o período de colonização inglesa

Da mesma forma que os britânicos eram enviados para a colônia penal na Austrália, Indianos condenados sob o domínio britânico começaram a ser enviados para a Singapura colonial, e o primeiro navio (carregando 80 condenados) aportou em 1825.

O “Empress Place building” foi finalizado em 1867 e, naquela época, o prédio servia para abrigar departamentos públicos, incluindo uma divisão de obras públicas, uma tesouraria, a inspeção geral de polícia e até departamentos médicos.

Como resultado de tal combinação de departamentos, o local passou a ser conhecido simplesmente como o “escritório do governo” e só se tornou um museu em 2003.

Bônus: Empress at the ACM

Dim Sum no Empress. Foto: Patti Neves

O museu abriga um café, bem casual, chamado Privé, e um restaurante, mais fino, chamado Empress.

Dica: o brunch de Dim Sum e champagne no Empress é um hit nos finais de semana… 🥂🍾

Para não dar com a cara na porta, faça uma reservas pelo aplicativo Chope.

Então vamos ao que interessa. Pronto para descobrir os artefatos?

Dancing Ganesh, India, Sec X. Foto: Patti Neves

Introdução - A Rota da Seda

A Rota da Seda não era uma única estrada, mas uma rede de rotas comerciais ligando a Ásia / Sudeste Asiático ao Oriente Médio, Europa e África.

A rede começou a ser usada já em 221 AC, quando o primeiro imperador da China uniu sete estados em guerra e estabeleceu o império Qin. Naquela época, a região sofria de freqüentes ataques nômades, então os chineses começaram a trocar tecidos de seda e fio de seda para preencher roupas acolchoadas (um símbolo de status na época) a fim de manter a paz na região.

Isso também levou à construção da Grande Muralha da China, a fim de proteger as rotas comerciais de ataques.

Mais tarde, essas estradas se expandiram e começaram a transportar uma enorme variedade de mercadorias, passadas de mão em mão ao longo do caminho por mercadores pertencentes a caravanas.

Fonte: UNESCO

Naquela época, nenhum homem era capaz de percorrer toda a estrada, ou visitar todos os países, como poderíamos fazer hoje usando aviões.

Os mercadores carregavam seda, chá, porcelana da Ásia para o mundo ocidental e traziam cavalos, camelos e uvas para o Oriente. Esses homens costumavam parar para dormir em lugares chamados caravanserai, onde se misturavam com outros viajantes, incluindo monges, trocando música, idéias e receitas.

Desta forma, o intercâmbio e o convívio entre mercadores estrangeiros ajudou a difundir hábitos, crenças e culturas. Religiões como o hinduísmo, o budismo e o islamismo e até mesmo doenças (como a peste negra) começaram a se espalhar.

Assim, poderíamos considerar a antiga “Rota da Seda” um dos primeiro sinais do que chamamos hoje de globalização.

Leia também: Onde comer em Singapura

Galeria Ancient Religions II. Foto: ACM

Galerias do ACM (Asian Civilisations Museum)

Como é impossível descrever a riqueza de todos os artefatos de cada galeria, neste post eu coloco uma descrição geral de cada uma.

Alguns dos meus artefatos favoritos estão descritos de forma resumida.

1. Ancient Religions I and II

Nesta galeria você encontrará obras-primas de escultura, pintura e objetos rituais que traçam a difusão das grandes religiões da Índia - Budismo, Hinduísmo e Jainismo, através de rotas comerciais da índia para a China e para o Sudeste da Ásia.

As diferentes influências culturais e artísticas são também colocadas em evidência.

Bodhisattva head, Gandhara, Século IV. ACM

Bodhisattva head

A cabeça do bodhisattva (acima) por exemplo é um dos highlights do museu que confundem os visitantes vindos do ocidente.

Com clara influência greco-romana, esta obra-prima não vem diretamente da Europa, mas foi criada na região de Gandhara (hoje, norte do Paquistão e Afeganistão), em torno do século IV.

A região de Gandhara era uma encruzilhada entre os mercadores, importante pólo comercial da rota da seda, onde muitas culturas se misturavam

As mais antigas representações de Buddha foram produzidas nessa região. Antes disso, imagens eram raras.

Alexandre, o grande, chegou em Gandhara no século I e levou para a região da Ásia Central influências de arte ocidental que acabaram incorporadas nas primeiras representações de Buddha e bodhisattvas.

Leia também: Thaipusam em Singapura

2. Tang Shipwreck

Há aproximadamente 1100 anos, um navio do Oriente Médio carregando uma carga preciosa de cerâmica, ouro e prata, datados da dinastia Tang, zarpou do porto de Cantão (China).

O navio acabou afundando ao largo da costa de Sumatra, perto da ilha de Belitung (600 km de Singapura) onde permaneceu intocado até ser descoberto por acaso em 1998.

Replica do navio que naufragou em Belitung. Foto: ACM

Cinquenta e cinco MIL pratos de cerâmica provenientes dos fornos de Changsha (foto acima) constituíam a maioria das mercadorias à bordo. Elas pareciam ser usadas na China da dinastia Tang (século IX), mas a descoberta de tantas unidades no naufrágio conseguiu provar que eles também eram muito populares no exterior.

Você consegue imaginar o que essa descoberta representa?

Changsha, na China já era conhecida por produzir cerâmicas em escala industrial para exportação há 1.100 anos atrás.

E mais, algumas peças para exportação possuíam inspiração artística Persa, produzidas para agradar o mercado do Oriente Médio. A peça abaixo vinha possivelmente de Yangzhou.

Taça de ouro maciço, decorada com músicos do Oriente Médio. ACM

Para ler mais sobre os artefatos desta galeria, consulte Shipwrecked, Tang treasures & Monsoon Winds (em inglês).

3. Maritime Trade

Por milhares de anos, as culturas da Ásia negociaram, interagiram e trocaram ideias.

Muitas obras de arte nesta seção mostram a demanda global e a evidência das influencias culturais (ou simplesmente uma adaptação à “moda” local) à medida que os comerciantes se mudavam de uma região para outra.

Está galeria também nos mostra como objetos exóticos e raros eram procurados avidamente em terras distantes, e como as novas obras de arte foram criadas através da mistura de diferentes fontes ao longo da história.

Receptáculo para incenso, China, Jingdezhen, Séc XVIII. ACM

Hoje, quando viajamos, é comum trazermos souvenirs de outros países. Na Europa dos séculos XVI-XVII, o acesso a viagens era muito limitado, então imagine o efeito exótico que este tipo de objeto poderia causar em uma sala de estar.

Nessa época, a porcelana chinesa, a laca japonesa e os materiais vindos de terras distantes tornaram-se super fashion no Ocidente, sendo muitas vezes exportados como curiosidades extravagantes, símbolos de status.

O artefato acima é uma adaptação de porcelana chinesa, taças de chá japonesas e uma peça de coral, todos montados com bronze folheado em Paris, no melhor estilo Rococó. O objetivo era tornar a peça mais atraente e “moderna” para a elite européia daquele período.

4. Ancestors and Rituals

Ancestors and Rituals examina as crenças ancestrais e ritualísticas das sociedades tradicionais, incluindo algumas das comunidades mais remotas do Sudeste Asiático.

Esta galeria expõe várias tradições e rituais relacionados à alimentação, fertilidade, família e segurança dos povos do Sudeste Asiático.

Influências de novas religiões e costumes podem ser percebidas em objetos inusitados e complexos.

Leia também: 5 Mentiras sobre Singapura

Makara, Malay Peninsula (Malásia), século XIX. Foto: ACM

O Makara é considerado o veículo da deusa Hindu Gangga no Hinduísmo. Na península da Malásia, o Makara era também considerado um símbolo protetor.

O objeto acima era a cabeça de um palanquim que carregava meninos, filhos de pessoas nobres, para serem circuncidados. Um ritual tradicional dentro do contexto islâmico.

Mesmo depois da conversão massiva de malaios ao Islamismo no início do século XVI, símbolos Hindus como o Makara ainda continuaram a ser usados na Malásia até o final do século século XIX.

5. Islamic Art

Nesta galeria você encontrará belas obras de arte religiosa produzidas por (e para) fiéis islâmicos em toda a Ásia.

O foco principal é o Sudeste Asiático, exibindo exemplos de como as noções globais de arte islâmica foram adaptadas nessa região específica.

Aqui você encontrará formas visuais únicas refletindo as influências nativas.

Galeria Islâmica. Foto: ACM

6. Christianity

Com o cristianismo se espalhando, novas obras de arte foram necessárias para transmitir histórias cristãs, embelezar igrejas e motivar novos convertidos pela Ásia.

Essa seção do museu é surpreendente, especialmente para pessoas vindas do Ocidente (como nós), geralmente mais acostumados a reconhecer símbolos religiosos de fé cristã.

A influência asiática em algumas das obras cristãs é demonstrada de forma bem interessante!

Leia também: O que fazer em Singapura

7. Scholars Gallery

Durante séculos, os sábios chineses, chamados de estudiosos (ou scholars em inglês) representaram um ideal na cultura chinesa.

Grande respeito era concedido a indivíduos que pudessem ler textos clássicos, escrever e pintar, tocar música, estudar academicamente e demonstrar elegância e graça. Que fosse um funcionário público, um comerciante de sucesso ou um chinês de fora, os indivíduos instruídos desempenham um papel fundamental na cultura chinesa.

Table screen, século XVIII, na galeria Scholars. Foto: Patti

Esta requintada tela de laca esculpida mostra um gosto erudito refinado durante o reinado de Qianlong (1736-95).

As cenas narrativas são esculpidas em grossas camadas de verniz vermelho, verde e ocre. Ela retrata uma reunião de estudiosos do século IV. O famoso calígrafo Wang Xizhi é mostrado em sua escrivaninha, enquanto outros estudiosos compõem poemas à beira do rio.

8. Ceramics Gallery

Cerâmicas chinesas variadas: de objetos concebidos especialmente para enterro em túmulos ou utensílios destinados à mesa de jantar do imperador, são exibidas nesta galeria.

Os objetos inspiram histórias de como eles foram feitos, usados, comercializados e se tornaram valorizados na história da China.

Uma exposição especial exibe a porcelana branca cremosa feita nos fornos de Dehua (chamada de blanc de Chine pelos franceses) que se tornou altamente cobiçada pelos europeus e outros povos ocidentais.

Jarra com os imortais Daoistas. Dinastia Ming (1522-1566), ACM

9. Material & Designs

Até o final de 2019, essa galeria do terceiro andar contará com objetos no tema de materiais e design, como por exemplo a galeria Fashion and Textiles, atualmente em desenvolvimento.

O plano é adotar uma abordagem pan-asiática mostrando diferentes tradições têxteis na Ásia, incluindo tecidos indianos, batiks do sudeste asiático e bordados chineses, entre outros.

Fashion trends femininos e masculinos serão exibidos, e grandes vestes usadas pelos príncipes e oficiais chineses serão apresentadas ao lado da sofisticada e elegante silhueta do sarong kebaya do Sudeste Asiático.

Horários do Museu e Como Chegar

Diariamente: Das 10h às 19h | Sextas-feiras: Das 10h às 21h

Endereço: 1, Empress Place, 179555, Singapore

O Museu das Civilizações Asiáticas fica a 2 minutos a pé do ponto de ônibus Fullerton Square (03011), através dos serviços de ônibus 10, 10e, 57, 70, 75, 100, 107, 128, 130, 131, 162, 167, 196, 196e. 700, 850E, 868, 951E e 971E.

Site oficial: Asian Civilisations Museum

Custo de admissão: Adultos 8 SGD, Seniors, 4 SGD, Crianças (menores que 6 anos): gratuito

Singapurianos e residentes tem acesso gratuito.

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Este post é parte de uma blogagem coletiva pela

#museumweek:

Blogs participantes:

1 - Cantinho de Ná - Top 3 museus em Nashville: música, história e arte

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3 - Destinos por onde andei... - Royal Ontario Museum, Toronto, o que ver?

4 - Ligado em Viagem - Guia completo para o Museu de História Natural de Londres

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6 - Qualquer viagem. Eu vou! - Museu Histórico da Imigração Japonesa no Brasil - Bairro da Liberdade

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17- Dani Turismo - Museu Emílio Goeldi em Belém

18 - Trilhas e Cantos - Os Museus de Zagreb, na Croácia


A #MuseumWeek2019 acontece de 13 a 19 de maio, reunindo instituições culturais de todo o mundo com base na ideia de “7 dias, 7 temas, 7 hashtags”.


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