Trekking: Acampamento Base Everest (via Gokyo Lake)

Iaques no Gokyo lake. Foto: Patti Neves

Iaques no Gokyo lake. Foto: Patti Neves

Cansei de esperar a época certa, meu companheiro ter férias, os amigos se decidirem. Empacotei as coisas e fui direto pata Kathmandu, sozinha mesmo.

Neste post descrevo meu trekking passando pelo lago de Gokyo (4.790m), Gokyo Ri (5.357m), Chola Pass (5.420m) e Kalapathar (5.643m) até chegar ao acampamento base do Everest (5.380m).

Existem vários caminhos para fazer o acampamento base do Everest, o mais comum é um trekking direto de Namche Bazaar (descrevo as paradas logo abaixo), mas como criativa que sou, resolvi fazer o mais difícil, passando pelos lagos.

Neste post explico os dois itinerários e vou tentar te ajudar a encontrar a forma mais simples e conveniente pra VOCÊ!

Então vamos lá. Aqui vão algumas das questões principais de quem está começando à pesquisar sobre o assunto:

  1. Qual a melhor época para ir ao acampamento base do Everest?

  2. Qual a melhor rota - e quantos dias são necessários?

  3. Qual o grau de dificuldade do trek?

  4. É necessário guia ou dá pra fazer sozinho(a)?

  5. É seguro pra mulher sozinha?

  6. É possível tomar banho?

  7. Quanto custa ir até o acampamento base?

  8. É possível voar drones no Nepal?

  9. Trekking Everest: material checklist

  10. Seguro viagem: como funciona?

Passando por Chola-Tse. Foto: Patti

Passando por Chola-Tse. Foto: Patti

Trekking no Acampamento Base do Everest

Me questionei bastante e procurei muita informação na net antes de me lançar.

A princípio eu faria o trek solo, mas mudei de idéia e contratei um guia só pra mim.

Explicarei abaixo porque tomei essa decisão e a minha conclusão à respeito.

Meu guia em Namche Bazaar. Foto: Patti Neves

Meu guia em Namche Bazaar. Foto: Patti Neves

1. Qual a melhor época para fazer o trekking ?

Ninguém planeja ir até a montanha (sobretudo grandes altitudes) para pegar chuva ou ver o topo das montanhas coberto.

Você vai precisar decidir se prefere um clima estável, com boa visibilidade - ou se está querendo fugir das multidões.

Em se tratando de Everest, não dá pra ter tempo bom e a montanha só pra você… 😐

Fevereiro à Maio - Alta estação

Céu limpo, visibilidade boa, temperaturas amenas, trilhas mega movimentadas, muita gente subindo no “corredor Lukla-Gorek Sheep”, inclusive os montanhistas que vão realmente tentar chegar ao topo do Everest.

Junho a Agosto - Baixa estação “verão”

Monções, alta probabilidade de chuvas e clima nublado.

Época mais quente, pousadas (teahouses) vazias. Preços mais em conta.

Setembro a Outubro - Alta estação

Ótima visibilidade, MUITA gente nas trilhas.

Nessa época já não há montanhistas para o topo, o topo do Everest já fica impraticável por causa do frio.

Mas para o trek, é a estação mais popular.

Novembro a Janeiro - Baixa estação “inverno”

Boa visibilidade, dias claros e luminosos.

Período frio, podendo atingir -25 C nas trilhas. Alguns caminhos podem fechar.

Novembro no Chola Pass (5.300m).

Novembro no Chola Pass (5.300m).

Decidi arriscar: fui nas duas primeiras semanas de Novembro, já no começo do que eles consideram baixa estação… ou seja “inverno”.

Todos os dias foram maravilhosos, com a visibilidade que vocês vêem nas fotos, mas eu não aconselharia para pessoas intolerantes com o frio.

Devo dizer que morei anos no Canadá e encarei com conhecimento de causa, mas cheguei a pegar -16 C no Gokyo Ri, além de muita neve pelo caminho.

Apesar de ter passado inúmeros invernos bem abaixo disso, eu não tinha considerado o fator “dormir sem aquecimento”…

Fui na ingenuidade mesmo…

Você poderá encontrar algumas dicas de como se vestir no final do post.

E como foi o trek em Novembro?

Foi uma das coisas mais espantosas, lindas... e cansativas que já fiz na vida!

Como louca que sou, também NÃO fiz a rota direta Namche Bazaar-Gorak Shep, mas decidi fazer o trek longo, com duração de 15 dias.

A parte que eu não tinha noção é que duas semanas sem tomar banho, dormindo sem aquecimento e enfrentando altitudes daria uma canseira danada.

Meus lenços umedecidos viravam tijolos congelados durante a noite, e os potinhos com as lentes de contato amanheciam como bloquinhos de gelo

A água do meu camel back estava quase sempre congelada e era quase impossível beber até por volta das 11 da manhã, quando o sol começava a bater na trilha.

Mas compensou?

Veja a foto abaixo e decida você mesmo!

Topo do Gokyo Ri (5.483m).

Topo do Gokyo Ri (5.483m).

2. Itinerário: Phortse Tanga ou Tengboche?

Existem duas principais rotas para subir até o acampamento base do Everest e a escolha só dependerá de você (e do seu nível de fitness, do tempo disponível, etc)…

Basicamente, a maioria das pessoas faz:

Duração de 8-12 dias:

O trek 1 consiste em uma subida direta até o objetivo final (Everest base camp), com aclimatização em Namche incluída.

Alguns guias incluem um mini-trek até Island Peak basecamp e subida até Kalapathar.

O problema é que esse é o highway da montanha, com verdadeiras muvuca de trekkers, especialmente na alta estação.

Mas… pra quem tem pouco tempo, ou só quer ver o acampamento base, é a opção ideal.

Veja a sequência no mapa:

  • Lukla -> Phakding -> Namche Bazar -> Tengboche -> Pangboche -> Dughla -> Lobuche -> Gorak-Shep -> Kalapathar -> Acampamento Base Everest -> exatamente o mesmo caminho de volta

Photo Credit: Destination Unlimited

Photo Credit: Destination Unlimited

Duração de 14 - 16 dias:

  • Lukla-Phakding -> Namche Bazar -> Phortse Tanga -> Machermo -> Gokyo -> Gokyo Ri-Thangna -> Chola Pass -> Dzogla -> Lobuche -> Gorak Sheep -> Acampamento Base do Everest -> Gorak Sheep -> Kalapathar -> Lobuche -> Dughla -> Pangboche -> Tengboche + mesmo caminho de Namche até Lukla.

Essa foi o roteiro que eu fiz…

Os dois itinerários tem um ponto em comum: Namche Bazar, onde todo mundo faz a aclimatização.

De Lukla até Namche é a parte muvucada e em alguns momentos você se encontra andando em meio à filas!

Mesmo em Novembro estava assim…

Se você faz o trek 2, vai ter a impressão que as pessoas vão se dispersando, e na subida para Phorste Thanga, Machermo, já é bem mais tranquilo.

Acampamento em Dzongla. Foto: Patti Neves

Acampamento em Dzongla. Foto: Patti Neves

É a opção mais longa e cansativa, mas extremamente recompensadora, pois Gokyo e Chola Pass são com certeza os highlights do trek!

Eu confesso que no começo eu só queria ir até o Everest base camp, até ir me dando conta nas minhas pesquisas que o base camp me parecia o lugar menos interessante de todos…

…afinal do acampamento base do Everest mesmo você nem vê o monte Everest!

Everest base camp, a parte menos interessante da trip!

Everest base camp, a parte menos interessante da trip!

É possível também fazer o loop inverso, ou seja, subir diretamente pelo corredor Namche -Gorak Shep, ir até o acampamento base do Everest e ao invés de descer, continuar subindo pelo Chola Pass e ir até Gokyo. Depois é só fazer a descida final!

Veja o mapa acima para entender esta última alternativa.

3. Qual o grau de dificuldade do trek?

Você vai ler de tudo na web mas considere que todas as opiniões são pessoais e subjetivas.

No meu ponto de vista eu diria que o trek de 14 dias é fácil até Namche, moderado até Gokyo, moderado à difícil até Gokyo Ri e bem difícil até o Chola pass.

De Chola Pass até Gorak Shep é bem ok. O trek até o Everest base camp é moderado. Só piora de novo para subir o Kalapathar (difícil)…

Gokyo é o alojamento próximo ao lago. São as casinhas que você vê na foto abaixo.

A montanha onde subimos para ter a vista geral é chamada de Gokyo Ri.

Gokyo Ri (5.483m). Foto: Patti Neves

Gokyo Ri (5.483m). Foto: Patti Neves

Em Gokyo Ri, a altitude pega mesmo.

Esse ponto é mais alto que o acampamento base, e eu fiquei sem fôlego inúmeras vezes na subida. Fui parando… incontáveis vezes.

O frio no Gokyo Ri também estava bem intenso, minhas mãos e pés começavam a queimar sempre que eu parava por alguns minutos.

Nevou bastante durante a noite em Gokyo e meu guia e eu resolvemos ficar um dia a mais e esperar a tempestade passar antes de encarar o Chola Pass, uma passagem bem alta entre duas montanhas.

Subindo o Chola Pass (5.300m).

Subindo o Chola Pass (5.300m).

O Chola Pass é com certeza a passagem mais difícil de todas.

Além de ser o dia de trekking mais longo (7-8 horas à partir de Gokyo), nessa trilha você vai precisar de crampons e vai andar bastante tempo na neve.

Aqui um guia é fundamental pois cruzamos poucas pessoas nessa época e alguns trechos a trilha estava totalmente apagada.

Chegando ao Chola Pass. Foto: Patti Neves

Chegando ao Chola Pass. Foto: Patti Neves

Algumas passagens sobre as pedras são bem congeladas e escorregadias e eu estava bem contente de não estar sozinha…

Chegando ao colo, o cenário no Chola Pass é surreal.

Coisa de filme 🙌 ✨

Chola Pass! Finalmente…

Chola Pass! Finalmente…

Vencido esse obstáculo, você dorme (feliz) em uma teahouse em Dzongla.

A chegada em Gorak Shep na manhã seguinte é um balde de água fria (ou melhor congelada):

Excursões (sério, vários grupos de 20-30 pessoas, de diferentes nacionalidades), lodges lotados e bastante algazarra me fizeram me dar conta de que a melhor parte da viagem já havia ficado pra trás….

Gorak Shep é o segundo ponto onde todo mundo se encontra, seja quem vem direto de Lukla (trek 1), ou quem está fazendo o loop à partir de Gokyo (trek 2)…

Em todo caso a ordem é chegar, dormir e no dia seguinte você pode escolher:

  • Ir ao acampamento base do Everest diretamente

  • Subir o Kalapathar, onde finalmente você terá uma vista decente do Everest

Eu fiz os dois, Kalapathar em um dia e basecamp no dia seguinte…

A subida do Kalapathar (5.545m) foi a coisa mais épica (e que mais me enche de orgulho).

Esse é o ponto mais alto que você vai chegar, provavelmente em toda uma vida, a não ser que você faça escalada!

Sofri muito para subir, parei inúmeras vezes, demorei horas, e quis desistir à cada passo, mas finalmente consegui apreciar a vista do Everest como se deve!

Passando mal na subida do Kalapathar… (5.545m).

Passando mal na subida do Kalapathar… (5.545m).

Não vale a pena ir até o Everest base camp e não subir o Kalapathar.

Só não vá se você estiver passando muito mal!

Aconselham a ir pelo nascer do sol, mas resolvi ir as 11 da manhã pois eu queria um pouco de sol!

Ter um guia só pra você tem essa vantagem: flexibilidade!

Eu estava com uma tosse bem catarrenta e um pouco de febre, mas a realização de que talvez eu não tivesse outra oportunidade na vida não me deixou desistir...

Everest e Khumbu glaciar, vistos de Kalapathar. Foto: Patti

Everest e Khumbu glaciar, vistos de Kalapathar. Foto: Patti

Pensei em todos aqueles que sobem até o cume do Everest e senti vergonha de mim mesma.

Mas só quem já foi tem idéia do que estou falando.

Portanto, só vá !!! Suba o Kalapathar e volte aqui no blog comentar…

A chegada no base camp do Everest na manhã seguinte foi fichinha, depois de tudo. E meio decepcionante, afinal, você só vai até lá pra tirar a foto segurando uma plaquinha…

O que não dá pra negar é que uma vez no acampamento base do Everest, é impossível não pensar: poxa, mais 3.000 e poucos metros e eu poderia plantar a bandeirinha no topo… 😂

Egotrip de loucos. No final você pensa quem sabe da próxima vez… Kkk (disfarça e chora).

4. É necessário guia ou dá pra fazer o trek sozinho(a)?

Encontrei muitas pessoas sozinhas na highway subindo ao acampamento base do Everest (sem passar por Gokyo), e também encontrei um cara em Gokyo, hesitando em encarar o Chola Pass, sozinho.

Eu diria que a trilha é bem demarcada em toda a highway Namche - Gorak Shep e considerando a quantidade de gente subindo e descendo como formiguinhas na alta estação, é impossível se perder, portanto se você tiver experiência em altitude, pode considerar fazer o trek número 1 sozinho.

Mas se você for encarar o Chola pass (trek 2), e dependendo da estação do ano, um guia pode ser uma mão na roda.

Além de calcular bem as distâncias, ele pode te ajudar se você começar a se sentir mal… ou mesmo se as trilhas forem apagadas pela neve.

Se você se atrasar muito na trilha pode correr o risco de ficar no escuro.

E sozinho, no frio, não deve ser uma experiência muito boa…

Meu guia, me esperando na trilha…

Meu guia, me esperando na trilha…

5. É seguro para mulher sozinha?

Eu diria que o nível de segurança é o mesmo que para um homem sozinho.

Você correrá o mesmo risco que eles, considerando que a altitude afeta a todos indiscriminadamente.

Não vi riscos relacionados à assédio (que você não enfrentaria em uma cidade grande, de toda maneira)…

Uma pesquisa científica mostra que 80% das pessoas que passam mal por causa da altitude estavam acompanhando grupos.

Isso significa que essas pessoas não fizeram a aclimatação necessária e subiram bem mais rápido do que deveriam, por medo de serem deixados pra trás.

Portanto eu diria que sozinho(a), você fará tudo ao seu ritmo, sem ter a pressão do grupo.

Perdendo o ar no Chola Pass…

Perdendo o ar no Chola Pass…

No meu caso, valeu muito a pena ter um guia só pra mim, pois consegui descansar quase dois dias suplementares, uma noite por causa da neve, e metade de um dia pois eu estava passando bem mal de tosse.

Obs: Mulheres, leiam também a parte sobre o drone, onde falo um pouco sobre o sexismo. Para quem nunca viajou na região, é bom ir preparada!

Acabei escrevendo bastante sobre isso no tópico 8, logo abaixo…

6. É possível tomar banho?

Sim, é possível tomar banho. Somente até Namche Bazar.

À partir desse ponto fica praticamente impossível visto as condições climáticas e a dificuldade de encontrar água em abundância, portanto não espere duchas quentes.

Eu bati meu recorde de 10 dias inteiros sem tomar banho e foi bem esquisito.

Meu cabelo ficou mega oleoso, mas perto das bolhas, lábio rachados e dificuldades com o frio, foi o de menos.

Esqueça em casa teu secador de cabelo e esse tipo de parafernália.

Consulte a seção de materiais indispensáveis no final do post.

O lodge mais bonitinho da trip, em Mongla. Foto: Patti Neves

O lodge mais bonitinho da trip, em Mongla. Foto: Patti Neves

7. Quanto custa fazer o trek do Everest base camp?

Se você for direto pelo corredor Lukla-Gorak Shep, pagará em torno de 800 à 1000 USD (incluindo alojamento em teahouses e todas as 3 refeições básicas + um guia só para você).

Talvez esse custo seja barateado, se você for em grupo.

Mas como disse anteriormente, se você não tem experiência em alta montanha, não aconselho ir em grupo.

Se você decidir ir sozinho, prepare todas as medicações necessárias (pílulas para altitude, antibióticos, antiinflamatórios)… mas lembre-se que se você passar mal, não terá muita assistência.

De toda forma, não saia de casa sem um bom seguro viagem, cobrindo helicópteros e tudo o mais. Vi muita gente passando mal e assisti à dois resgates em 14 dias

Sozinho você gastará menos, pois pagará somente a estadia em cada teahouse (em torno de 20-25 USD incluindo refeições) e o ingresso ao Sagarmatha Park (você compra no local).

Como disse, fazer o trek 1 sozinho é tranquilo, mas não aconselho a fazer sozinho o trek 2, via Gokyo e Chola Pass, especialmente se for começo de inverno.

Hora do almoço em uma das teahouses. Foto: Patti Neves

Hora do almoço em uma das teahouses. Foto: Patti Neves

Se você fizer o trek via Gokyo, como eu, gastará em torno de 1000-1400 USD.

O custo para internet nos lodges fica numa média de 7USD mas isso só inclui 250 MB.

Você também paga 5-6 USD toda vez que quiser carregar o telefone ou algum eletrônico.

Banhos saem por 10 USD, mas você não tomará muitos.

Em todo caso nenhum pacote inclui água nem bebidas quentes.

Eu paguei 1200 USD (tudo incluído, exceto o que foi mencionado), e acredito que poderia ter pago menos, mas contratei esse guia Nepalês porque havia sido indicado por alguém de confiança.

Mesmo assim tive alguns probleminhas (falo sobre isso na seção sobre drones) e não saí 100% satisfeita com ele. Considerando o aspecto cultural da empreitada, não sei se com outro guia as coisas seriam diferentes…

Passarei as coordenadas do guia se alguém se interessar, é só entrar em contato pelo blog.

8. Compensa levar o drone para o Everest?

Ponte pênsil (em dobro), no caminho para Namche Bazar. Foto: Patti Neves

Ponte pênsil (em dobro), no caminho para Namche Bazar. Foto: Patti Neves

Fui surpreendida por uma taxa de 80 USD assim que desembarquei no Aeroporto Internacional de Kathmandu. Mesmo tendo lido bastante antes, essa informação simplesmente não existe na web.

O processo para liberar o drone foi bem burocrático e me custou uma boa hora de enrolação e stress.

Se você não paga a taxa, simplesmente não entra com o drone no país - e eles não são claros sobre o que significa ter que pagar essa taxa. Significaria voar em qualquer lugar?

Ou senão, onde exatamente? Não consegui respostas claras.

Eu usei esse papel para justificar voar o drone nas trilhas, mas nem tenho certeza se esse é o procedimento correto.

A cada vez que eu precisava voar, muitos curiosos se aglomeravam ao meu redor (isso foi o de menos) mas alguns sherpas resmungavam e me olhavam torto…

Tive que mostrar minha autorização várias vezes, e mesmo assim, sempre rolava uma ou outra cara feia.

Não sei qual é a do governo Nepalês ou a das comunidades mais remotas, mas nem fazendo todos os procedimentos indicados tive sossego.

Voando o drone com os meus “guarda-costas” em Machermo!

Voando o drone com os meus “guarda-costas” em Machermo!

Não aconselho à levar o drone por diversas razões:

Sempre será um peso suplementar que você carregará durante todo o trek, além de:

  • Dificuldades com a bateria (diminui muito rapidamente com o frio intenso)

  • Instabilidade com ventos fortes (por duas vezes quase não consegui recuperar o drone de volta)

  • Dificuldades para carregar a bateria durante a noite (levei 2 baterias e não deu pra nada)

  • Você paga um extra para carregar um eletrônico a mais

  • Você corre o risco de ter que pagar propinas pelo caminho já que a legislação não é clara

  • As montanhas já são ridiculamente altas, portanto o drone não ajudará muito

Uma observação sobre o sexismo:

Com o drone, os homens ao redor (incluindo meu guia) foram mestres em tirar as asinhas de fora e me dar conselhos bem irrelevantes. Opiniões que eu não havia pedido.

Precisei chamar atenção do guia por diversas vezes, e cheguei a pedir que ele que me tratasse com a mesma cortesia que trataria um homem, ou seja: não se intrometendo onde não fosse chamado!

O machismo em países de terceiro mundo é uma coisa real.

Isso significa ter que enfrentar palpites e observações idiotas mesmo.

Chega uma hora que enche o saco e única maneira real é de dizer na cara do fulano que ele está te aborrecendo. Mesmo se for o teu guia…

Você vai precisar mostrar que você é diferente das Nepalesas que ele conhece, mas vai demorar um tempo até ele começar a te tratar com respeito. Infelizmente foi assim na Índia e no Sri Lanka.

No Nepal não foi muito diferente.

Eu estava acostumada a viajar com o drone sozinha, mas dessa vez, levei e me arrependi.

O drone foi uma fonte de atenção não solicitada o tempo todo.

Portanto faça por sua conta e risco…

Com se sentir pequena no mundo! Foto: Patti

Com se sentir pequena no mundo! Foto: Patti

9. Trekking Everest: material checklist

  • 2 Calças, uma de ski, com fina camada de lã por dentro, outra de trekking (normal)

  • 3 Tops térmicos, 2 de manga comprida, para usar por baixo

  • 2 Leggings térmicas (por baixo da calça)

  • 5 Pares de meias térmicas

  • Bota de trekking impermeável

  • Crampons

  • 2 Suéteres

  • 1 Jaqueta de ski (a minha Helli Hansen aguenta até -20C)

  • 1 Jaqueta “coup-vent”, mais fina, também impermeável

  • 2 Gorros

  • 1 Buff de pescoço (ou balaclava)

  • 2 Pares de luvas: 1 de couro revestido e outra do tipo mitten

  • Roupas de baixo

  • Medicamentos básicos (não esqueça da acetazolamide)

  • Lenços umedecidos

  • Saco de dormir: no mínimo -10 C

Outros equipamentos

  • 1 Headlamp (para ir ao banheiro à noite)

  • 1 Camelbak (ou garrafa térmica)

  • Aquecedores de mãos/pés - do tipo que você usa pro ski

  • Protetor solar

  • Manteiga de cacau (não usei e arrebentei meus lábios)…

  • Óculos de sol (normal)

  • Power bank para o celular

  • Carregador solar portátil (não levei e me arrependi muito)…

  • Câmera, carregadores, cabos

  • Um ou dois bons livros leves (não há muito o que fazer à noite, todo mundo se deita as 8pm)

  • Dry shampoo (pequeno)

Tudo isso deve caber em uma mochila com no máximo 50L e pesar menos que 15kg.

Nos grupos, sempre há um guia (Sherpa ou não) e alguns carregadores.

Se o teu guia fizer o papel de guia e carregador, teu peso extra será cuidadosamente conferido (o que é correto). Normalmente eles aceitam carregar até 20 Kg.

Se você quiser conferir a experiência de fazer o trek 1 ou estiver considerando fazer parte de um grupo, leia aqui a experiência da Bruna, no blog Expressinha!

10. Seguro Viagem

De toda maneira você sabe que um seguro viagem internacional sem seguro é imprescindível, mesmo em uma viagem normal. 

No caso do trekking para o Everest Base Camp ele é obrigatório, pois nenhuma agência ou guia vai se responsabilizar por você se você não tiver. Você precisa de uma apólice não só porque vai precisar embarcar para Lukla mas porque sua vida dependerá disso (sem exagero).

Você vai fazer trekking por 14-16 dias, a altitudes de mais de 5000 metros, onde boa parte da população apresenta sintomas. O mal de altitude é uma coisa real, e no meu trek mesmo presenciei 2 resgates de helicóptero. Em casos graves as pessoas morrem em poucas horas.

É muito importante que você tenha a opção de descer para o hospital em Kathmandu se for necessário.

Qualquer dúvida é só me chamar nos comentários.

Namastê! 🙏 ✨

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Everest basecamp trekking.png
 

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